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Benefício de medicamentos cresce 20% ao ano

28/01/2014

Os trabalhadores já contam com uma série de benefícios consolidados, como vale-refeição e vale-transporte. No entanto, para algumas necessidades, ainda não é comum as empresas darem auxílio aos seus funcionários. Os remédios, por exemplo. Apesar disso, tem aumentado no Brasil o número de empresas que adotam o Programa de Benefícios de Medicamentos (PBM), que concede subsídio para os trabalhadores comprarem medicamentos. Segundo a associação, o crescimento do setor gira em torno de 20% ao ano.

“O brasileiro acha que pagar remédio na farmácia é mais uma das cruzes que ele tem que carregar”, afirma o presidente da Associação Brasileira das Operadoras de PBM (PBMA), Luiz Carlos Monteiro. Através do PBM, os trabalhadores têm acesso a medicamentos com preço reduzido – ou até gratuitos. Flexível, o sistema permite que cada empresa defina o modelo de aplicação do benefício, estabelecendo quais medicamentos irá cobrir e qual o valor do subsídio – a PBMA recomenda um mínimo de 50% do custo do remédio.

Com a receita em mãos, o trabalhador vai à farmácia e solicita os seus medicamentos. O balconista põe os dados do comprador no sistema e tem acesso às regras que a empresa definiu para o benefício. Administrado pelas operadoras de PBM, o sistema permite o acompanhamento das compras feitas – e, consequentemente, do tratamento dos funcionários. No final do mês, os dados são enviados para as empresas, que, assim, podem manter o acompanhamento.

O investimento em PBM pode aparentar, em um primeiro momento, aumentar os custos com saúde. No entanto, por prevenir gastos com o prolongamento desnecessário de tratamentos e evitar a diminuição da produção por evitar faltas, o programa acaba tendo efeito contrário, reduzindo custos para a empresa. O sistema evita, também, que os funcionários interrompam um tratamento por não ter condições de pagar os remédios.

Apesar do crescimento, o número de empresas que utilizam o programa ainda é reduzido. Realizada pela consultoria Towers Watson, a pesquisa Planos de Benefícios no Brasil apontou, em sua última edição, de 2011, que 63% das 198 empresas analisadas ofereciam algum tipo de benefício farmácia aos seus funcionários. Dessas, só 42% oferecem algum tipo de subsídio. A administração do benefício é feita internamente por metade das empresas, enquanto que 41% já utiliza PBM.

As quatro grandes operadoras brasileiras que formam a PBMA credenciaram mais de 25 redes de farmácias brasileiras, incluindo as principais. São 25 mil pontos de vendas distribuídos por mais de 2 mil municípios em todos os estados do País, segundo a própria associação. A Eco Posto, franqueada da Farmais em Porto Alegre, trabalha com PBM há cerca de oito anos e, atualmente, atende funcionários de nove empresas, que dão, em média, 40% de desconto nos medicamentos. Nos últimos dois anos, as vendas por PBM aumentaram mais de 50%, mas ainda representam apenas 7% das vendas totais. Apesar de ser um número ainda pequeno, as vendas por PBM garantem a fidelização dos clientes e permitem que eles aproveitem os descontos para comprar mais produtos sem aumentar os gastos.

Sistema foi criado nos Estados Unidos durante a década de 1970

Apesar de ainda ser novo no Brasil, o PBM já tem tradição fora daqui. O sistema surgiu nos anos 1970, da pressão dos sindicatos norte-americanos para a inclusão de auxílios nas compras de medicamentos entre os benefícios dos trabalhadores. No final da década de 1980 e início da de 1990, a expansão dos programas de PBM e o crescimento das empresas de managed care, que fazem a gestão de custos relacionados ao serviços de seguro-saúde nos EUA, a compra de medicamentos por PBM passou de 20% para mais de 50%.

No Brasil, quase 200 empresas já adotam o programa, o que significa cerca de 2 milhões de usuários. Normalmente, o uso é impulsionado após uma grande empresa de determinado setor implantar o PBM. Por exemplo, quando a Petrobras adotou o benefício, foi seguida por várias outras empresas petrolíferas. Os sindicatos tem grande participação nisso, garante o presidente da PBMA, Luiz Carlos Monteiro. Quando veem o bom resultado em uma empresa, trabalham pela sua utilização também nas outras e acabam influenciando outros sindicatos a fazerem o mesmo.

Apesar de estar crescendo o número de pequenas e médias empresas que adotam o sistema, são as grandes companhias os principais utilizadores do PBM. Monteiro atribui isso ao fato das maiores empresas possuírem setores de recursos humanos mais estruturados e o sistema, uma vez que é relativamente novo, ainda ser desconhecido tanto por empresários e usuários quanto pelos setores de RH.

Para os planos de saúde, os PBMs também são uma novidade. A implantação esbarrou no desconhecimento sobre como funcionariam os programas. “Eles têm um pouco de medo desse assunto, porque, como isso faz parte das não-coberturas, eles temiam que a Agência Nacional de Saúde os obrigasse a incluir embaixo da mesma cobertura”, garante Monteiro. 

No entanto, a resolução normativa 310, de 2012, definiu que os planos de saúde não têm a obrigação de dar os remédios aos segurados, mas que esse é um serviço que eles podem executar – e cobrar adicionalmente por ele. Essa medida aproximou os planos de saúde das operadoras de PBM, assegura Monteiro. “É muito bom, porque eles são um dos beneficiados, já que o acesso ao medicamento ambulatorial diminui sinistralidade, diminui internação, e com isso diminui os custos gerais do plano de saúde”, afirma.

Fonte: Jornal do Comércio