Ministra tenta flexibilizar uso de agrotóxicos, diz pesquisador
15/07/2015
O pesquisador Fernando Carneiro, coordenador do Grupo de Trabalho Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco, concedeu entrevista à Rádio CBN sobre monocultura, agrotóxicos e transgênicos. Ele disse que o aumento dos agrotóxicos no Brasil está associado ao modelo de exportação e que a sociedade científica da saúde coletiva está muito apreensiva com a proposta da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, que tenta flexibilizar o uso de agrotóxicos no país.
De acordo com o pesquisador, três órgãos atuam para registro de agrotóxicos, que são os ministérios da Agricultura, da Saúde e do Meio Ambiente. Mas a ministra propõe que a Saúde e o Meio Ambiente parem de opinar sobre o registro. Kátia Abreu sugere que seja feita uma comissão nos moldes da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, responsável pela aprovação dos transgênicos, para tratar dos registros.
Fernando Carneiro falou ao programa CBN Total no dia 19 de junho. De acordo com o pesquisador, a venda de agrotóxicos no Brasil aumentou 155% em dez anos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Ele afirma que o modelo atual é baseado na monocultura, que só sobrevive com o alto uso dos agrotóxicos. “Com o advento do transgênico isso foi potencializado, principalmente com a soja”, alertou.
As consequências do uso excessivo de agrotóxicos são observadas por Auditores-Fiscais do Trabalho, que constatam a falta dos equipamentos de proteção para o manuseio e aplicação dos produtos, problemas com o descarte dos vasilhames e o adoecimento dos trabalhadores que lidam diretamente com os produtos. Trabalhadores e consumidores são afetados pela má utilização dos agrotóxicos. Vários produtos que estão proibidos em outros países continuam sendo utilizados no Brasil, em prejuízo da saúde dos trabalhadores e dos consumidores dos alimentos cultivados sob forte uso de agrotóxicos. Este alerta já foi feito várias vezes pelo Auditor-Fiscal Francisco Luís Lima, diretor do Sinait, que vem acompanhando de perto as discussões sobre o assunto no país.
Fonte: MPT