Saúde estima em 33 o total de casos dengue em turistas durante a Copa
14/05/2014
Desde o fim do ano passado, reportagens vêm chamando a atenção para o risco de uma epidemia de dengue durante a Copa do Mundo. Tudo começou com a publicação de um artigo na "Nature", que alertava para possíveis surtos no Norte e no Nordeste. Com o recente aumento de casos em algumas regiões do país – em especial o interior de São Paulo, o oeste do Paraná e o entorno do Distrito Federal – o receio aumentou. Mas o Ministério da Saúde garante: a dengue não será um problema para o Brasil nos meses de junho e julho.
Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Vasconcelos, um grupo de pesquisadores fez uma estimativa de casos em cada cidade-sede da Copa. Tomando como base a previsão anunciada de que o evento vai reunir no máximo 600 mil turistas, o número provável de casos nessa população é de apenas 33 (o resultado inclui uma margem de erro que varia de 3 a 59 casos).
"O risco de ocorrerem outros problemas, como um turista se machucar depois de exagerar na bebida ou ter um infarto ao assistir o jogo, é maior", afirma Vasconcelos. Ele explica que, além da questão climática, que faz com que haja uma redução expressiva de casos a partir de maio, as vistorias nos estádios incluem a inspeção para possíveis focos do mosquito Aedes aegypti.
O secretaria avalia que, apesar de ser um evento que concentra pessoas de outras localidades, a Copa não traz um cenário tão especial para o Brasil, que recebe cerca de 5, 6 milhões de turistas ao longo do ano. "A maioria deles vem entre janeiro e fevereiro, quando é alta a transmissão de dengue", comenta.
Casos
O Ministério da Saúde informa que, do início do ano até 19 de abril, foram registrados 322.200 casos de dengue em todo o país, o que representa uma redução de 71% em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve mais de 1,1 milhão.
Em relação ao número de mortes, a diminuição é ainda mais acentuada: 69 pessoas morreram por causa da dengue este ano, contra um total de 435 no mesmo período do ano passado.
Os surtos localizados em certas partes do país, de acordo com Vasconcelos, tem duas causas: a primeira é a volta do subtipo 1 da dengue (que estava sem circular há cerca de dez anos e vem retornando a certas regiões desde 2001). E a segunda é a chegada do subtipo 4 (por ser relativamente novo no país, as pessoas ainda não têm imunidade contra ele). Os dois fatores, somados à falta de prevenção adequada, geram aumento de transmissão em certos municípios, justifica o secretário.
Aplicativo
Para alertar os turistas sobre durante a Copa, o Ministério da Saúde pretende lançar na segunda quinzena do mês um aplicativo disponível para celulares e tablets com informações em inglês e espanhol sobre como prevenir doenças - evitar se alimentar com comida de rua e tomar vacina contra febre amarela caso visite certas localidades estão entre as recomendações.
O aplicativo também permitirá que o turista assinale algum eventual sintoma, como febre ou diarreia, para obter mais detalhes e saber qual a unidade de saúde mais próxima. Segundo o secretário de Vigilância em Saúde, a divulgação será feita em aeroportos e hotéis.
Vasconcelos diz que a estimativa do Ministério da Saúde é de que 1% dos turistas precise de ajuda médica durante a Copa. "Durante a Copa das Confederações, o total foi de 0,8% e 90% dos casos foram resolvidos no próprio estádio", informa.
Fonte: UOL